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  • Foto do escritorHelena Marques

Suicídio e adolescência. É preciso estar atendo aos sinais.

Passou pela porta entreaberta, cabeça baixa para não ser visto e não ver ninguém.

A ideia de pular da janela estreita invadia os pensamentos, esquentava os miolos, fervendo os fios amolecidos da mente.

A cabeça latejava num alternado som oceânico

Pula, Puuulaaa, pulaaa...pula.pulaaaaaa

Estava na faixa amarela da plataforma do metrô.

***

Há três dias no quarto, tudo fedia. As paredes amareladas, lençóis manchados, piso encardido.

Porta rachada, lembrava a briga que teve com o irmão.

***

No começo eram pensamentos soltos, aumentavam à medida em que a angústia tomava o peito.

A dor era de verdade.

Na cabeça e no coração.

O peito ardia e o único lugar seguro era o fundo da cama.

***

Os primeiros alívios vieram com pequenos cortes no braço.

Pegou a faquinha afiada. A mãe não deu falta, nem dele.

Os primeiros cortes foram suaves. Sangrava fininho. Alívio. Dormia gostoso depois.

Aos poucos foi se especializando em cortes profundos e invisíveis.

O prazer era tanto...tanto, amortecia a dor.

***

Comia cada vez menos, bebia cada vez mais. Catuaba com jurupinga. Pinga com limão e o que mais viesse.


“Os pensamentos arrastados me afundam...”

***

A OMS-Organização Mundial da Saúde, trata o suicídio como problema de saúde pública que afeta famílias por gerações.

Estudos apontam que esses números crescem no Brasil, na contramão de países europeus, que caem.

O suicídio na adolescência, é o resultado do sofrimento psíquico crescente resultado do mal-estar social contemporâneo.


Pressão pela competição, dificuldade em frustração, autocrítica severa, sentimentos de inadequação frente à padrões fortemente estabelecidos, em contrapartida, relações afetivas quer familiares ou sociais sem consistência, podem levar a sentimentos invasivos de colocar fim à angústia, ao vazio vivido.


Seguimos numa sociedade fragilizada, onde fronteiras cada vez mais difusas, propiciam a sensação de desbussolamento. Perda de sentido da vida. O que foi importante um dia deixa de ser, e as possibilidades de outros olhares para o mundo, minguam. Há um empobrecimento de si.


Para além das vivências experimentadas, ampliadas nessa fase de transição, estados melancólicos e de angústia intensa, transbordam em ideações suicidas ou em tentativas.

Situações autodestrutivas, onde a descarga afetiva é direcionada para si, tem o objetivo de « matar » a angústia sentida, assim, o suicida vive intensamente um estado melancólico. Na melancolia ocorre o desapego a vida.

Antes de tudo, é preciso compreender que o suicídio é um ato de comunicação.

Atenção aos sinais verbais e não verbais.



1. Humor deprimido, perda de sentido da vida,

2. Dificuldade na realização de tarefas básicas,

3. Alterações de humor, entre a irritabilidade e tristeza intensa,

4. Agressividade ou reações violentas sem motivo aparente,

5. Sinais de auto agressividade, marcas no corpo,

6. Isolamento social,

7. Choros recorrentes,

8. Insônia ou sono excessivo,

9. Perda de interesse em atividades que eram prazerosas,

10. Comentários sobre situações de suicídio.



Busque ajuda.

Procure um psicólogo.

Helena Marques.

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