
Helena Marques
E quando não dá para recomeçar? Sempre dá. Dá?
Aceitar o fim das coisas. Olhar a passagem das estações e estabelecer com elas uma relação de respeito. Compasso e espera. Portas se estreitam, contraindo corpos na tentativa de sobreviver o que há porvir.
O término das relações amorosas, amizades, trabalho, implicam necessariamente olhar para si e perguntar : e agora, José?
Ficar ou pular ? Ser atravessado por uma situação inédita, desviando de roteiros estabelecidos, causam perturbação da ordem do não reconhecimento de quem somos e a necessidade da reorganização do que queremos.
Fechar uma porta não quer dizer abrir outra. Portais podem continuar fechados por um tempo. Não há mágica, nem saídas rápidas.

É aguentar a angústia.
Para recompor a vida ou de alguma forma, se ajustar a ela, precisa de tempo. Não o cronológico, o interno, aquele paralisado entre a saída de um lugar a chegada em outro.
Sair da zona de conforto, e partir para o crescimento é comprometer-se com o novo.
O Desafio é atravessar o umbral de si mesmo com olhos vendados. Deve ser isso que chamam precipício? Abismo? Vai aí uma certa dose de coragem ou loucura.
Vai. Uma hora vai. Coragem! Helena Marques.